quarta-feira, 18 de maio de 2011

Rio e São Paulo: almas gêmeas

Não é de hoje que Rio de Janeiro e São Paulo medem forças para saber qual Estado possui mais importância para o campo futebolístico nacional. É bem verdade que essa rixa já foi maior e, até mesmo alimentada por torneios oficiais como o “Rio-SãoPaulo” e, de certa forma, reflete um sentimento de disputa existente entre os Estados que extrapola os limites das quatro linhas.

Não desprezo a importância e a tradição de times de outros Estados, mas como sabemos a importância cultural e política que o Rio de Janeiro teve até o final da década de 1970 e o poderio econômico de São Paulo fizeram com que seus times tivessem torcidas nacionais e não apenas aquelas situadas em seus Estados de origem.

Fato é que as 5 maiores torcidas do Brasil são compostas por times também dessas localidades. E, em termos de conquistas nacionais, vale ressaltar que, dos últimos 20 títulos vencidos no campeonato nacional 17 foram vencidos por times de Rio (6) e São Paulo (11).

No entanto, o que sempre me chamou a atenção nessa rivalidade não são as diferenças existentes entre os estilos de jogo e administração dos clubes ou, as peculiaridades dos papeis que o esporte possui para a sociabilidade de cada Estado, ou, até mesmo, a maneira mais debochada da imprensa carioca e analítica da mídia paulista a tratarem os eventos. O que me chama a atenção são justamente suas semelhanças. Se observarmos bem, existe correlação entre os principais clubes de cada Estado que os fazem, em algum medida, almas gêmeas de si mesmos. Vejam:

Flamengo e Corinthians: respectivamente as duas maiores torcidas do país. Dois grandes clubes de massa associados às camadas mais pobres de cada cidade.


São Paulo e Fluminense: times tricolores vinculados à aristocracia urbana.


Palmeiras e Vasco da Gama: times de colônia e que possuem seus estádios próprios, ainda utilizados, desde tempos remotos de sua história.


Botafogo e Santos: times alvinegros que possuem os dois maiores ídolos da história futebolística nacional (Pelé e Garrincha). São também as menores torcidas do Estado entre os grandes clubes.


O interessante é que Santos e Botafogo possuem também um momento em comum em suas histórias que acabou por representar um marco de distanciamento entre os dois: a final do Brasileiro de 1995. Naquele ano, o Botafogo foi campeão. Mas foi o Santos quem aprendeu a lição. O surgimento de Giovane, um jovem desconhecido revelado naquele campeonato, fez com que o Santos entendesse que a sua vocação era revelar jogadores. 7 anos depois apareceram Diego e Robinho e, 15 anos mais tarde, Ganso e Neymar.


Enquanto isso, o Botafogo seguiu apostando na mesma fórmula que fez dele campeão em 1995. Contratar jogadores experientes e com certo nome no cenário nacional. Fracassou. Não compreendeu que a glória de seu passado não é sua maior riqueza, mas, assim como sua alma gêmea paulista, a personificação de sua maior vocação: revelar os jogadores que entram para a história futebolística do país.

2 comentários:

  1. Vc ando conversando de novo com Andre Lopes! Pois ele falou um tempo atras exatamente isso!

    ResponderExcluir
  2. Ginco... obrigado pela leitura e pelo comentário. Acho que já compartilhei com ele essa idéia sim. Talvez tenhamos até mesmo chegado juntos à essa conclusão. Caso isso tenho ocorrido, fica o crédito a ele também!
    Abço.

    ResponderExcluir